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‘Brazil engineering’: o plano ambicioso da VTEX para exportar tecnologia brasileira

Para o cofundador da plataforma de software de comércio eletrônico VTEX, é a hora de mostrar ao mundo que o Brasil “não é só soja e proteína”

A VTEX, explica Gomide, é uma das companhias que busca levar a bandeira do que ele chama de ‘Brazil engineering’ mundo afora. “Hoje, o jato privado mais vendido nos Estados Unidos é da Embraer. A Weg está presente em não sei quantos locais no mundo. A VTEX está em 43 países”, afirma ao InfoMoney Entrevista. 

Para Gomide, as empresas brasileiras não deveriam ver a competição estrangeira com maus olhos. “Isso me parece aquela coisa de uma mãe ou pai criando um superproteção no filho que não o deixa viver e, no fundo, quando o filho sair de casa, vai sofrer um baque danado. Eu sou a favor de abrir o mercado para que essas empresas entrem e forcem as empresas do Brasil a saírem também”, diz.

Confira a entrevista completa no canal do Youtube do InfoMoney e, abaixo, alguns dos trechos da entrevista sobre o varejo brasileiro, a competição internacional e a necessidade, segundo Gomide, de se levantar a bandeira da engenharia brasileira. 

 

“O Brasil é muito pequeno para as empresas brasileiras”. É assim que Mariano Gomide, cofundador e coCEO da plataforma de comércio eletrônico VTEX, defende a globalização das empresas brasileiras, em entrevista exclusiva ao InfoMoney. 

Varejo brasileiro

“Quanto mais marca tiver [no Brasil], mais acesso à mercadoria a um custo bom o consumidor brasileiro vai ter. O varejo e as empresas do setor ganham com essa diversidade de marcas. 

Mas é possível isolar isso do macro? Talvez não, porque o macro de fato vem balançando. O juro real brasileiro está fazendo o que faz de melhor: matar a atividade econômica e espremer a margem do varejo. Com isso, não vamos conseguir um varejo muito pujante. Mas também vale lembrar que da mesma maneira que o juro já foi lá embaixo e já foi lá em cima, ele volta lá embaixo de novo. Há um ano, se a gente falasse que o dólar estaria no preço que está atual, as pessoas iam rir. 

O mundo macro muda muito rápido. O que não muda é a capacidade operacional de uma empresa. Nesse sentido, falta um dever de casa dos empresários e executivos em eficiência, para que as empresas possam escolher sobre o futuro delas.”

Internacionalização do varejo

“A forma como você se prepara [para a chegada de empresas internacionais] é diluindo o risco. Em vez de esperar que outros que estejam mais capitalizados ou mais preparados ou com estruturas de custos melhores do que a sua empresa entrem na sua área, você tem que se preparar em estrutura de custo e estrutura de capital para entrar na área dos outros. 

O mundo do trade é global. Aberrações existem onde marcas vivem e sobrevivem localmente, mas o mundo do trade é global.”

Inovação e desenvolvimento

“O varejo brasileiro estava preparado a uma entrada de Shein, Shopee e Temu? Não. Mas, agora, Magazine Luiza e Casas Bahia são empresas muito melhores em termos de operação do que eram antes, porque estavam adormecidas na necessidade de se modernizar.

Nesse sentido, é muito boa a entrada dessas outras empresas, porque, assim, o Brasil se tornou um país livre de fato, onde empresas de fora podem entrar e competir de igual para igual. Isso é maravilhoso, porque as empresas daqui, ao competir de igual para igual, criam talentos e carga nas costas que permite que você brigue lá fora. 

O Brasil é muito pequeno para as empresas brasileiras. Hoje, o jato privado mais vendido nos Estados Unidos é da Embraer. A Weg está presente em não sei quantos locais no mundo. A VTEX está em 43 países. Quantas mais?

“O Brasil é muito pequeno para as empresas brasileiras. Hoje, o jato privado mais vendido nos Estados Unidos é da Embraer. A Weg está presente em não sei quantos locais no mundo. A VTEX está em 43 países. Quantas mais? ”

— Marino Gomide, cofundador e CoCEO da VTEX

Não devemos  ver a competição estrangeira como algo que não deveríamos ter.Isso me parece aquela coisa de uma mãe ou pai criando um superproteção no filho que não o deixa viver e, no fundo, quando o filho sair de casa, vai sofrer um baque danado. Eu sou a favor de abrir o mercado para que essas empresas entrem e forcem as empresas do Brasil a saírem também. “

Brazilian engineering: o made in China” do Brasil

“A VTEX está crescendo. Se operarmos direitinho, arbitrando a engenharia brasileira, que é o nosso diferencial, e provar ao mundo que o Brasil não é só soja ou proteína e que também se exporta muita tecnologia, isso pode gerar valor ao país e às empresas brasileiras de longuíssimo prazo.

A engenharia brasileira é uma das grandes armas para um futuro sustentável deste país. Várias e várias empresas do mundo, hoje, escolhem a engenharia brasileira como uma engenharia segura e criativa. 

“A engenharia brasileira é uma das grandes armas para um futuro sustentável deste país. ”

— Mariano Gomide, cofundador e CoCEO da VTEX

Segura por estar em uma região protegida:  não temos risco de guerra  estamos em uma região muito mais protegida do que China, Rússia, Índia e Europa Oriental. 

O Brasil pode surfar uma onda de 20 anos de posicionamento, mas falta abraçar essa ideia do ‘Brazil Engineering’ como marca. O que fez a China ser o país da manufatura é a marquinha ‘made in China’, que é um domínio público.” 

Otimismo com o futuro

“Vamos começar a adotar o ‘Brazil engineering’. Tomara que amanhã uma Embraer, uma Weg, uma Havaianas adote. Imagina: você olha na Havaianas e ler ‘Brazil Engineering’; você está em avião e olha: ‘Brazil Engineering’; está andando em um carro e está escrito ‘Brazil Engineering’; usa um software que aparece com a marca ‘Brazil Engineering’. 

Assim, as pessoas começam a acreditar que a América Latina não é só commodity. E aí podemos elevar a barra da distribuição de capital nas capitais brasileiras a um outro patamar, criando de fato uma sociedade que popule as ruas, trazendo uma segurança de volta. 

Temos uma vantagem maravilhosa: estamos a uma hora [do fuso] dos Estados Unidos. Isso é uma vantagem que nenhuma outra engenharia no mundo tem. É muito elemento para ser otimista pelo que está acontecendo aqui e não dá para se prender a discussões quase que fortuitas do que vai acontecer nos próximo dois anos. A agenda da VTEX, a minha agenda com o país, a agenda do ‘Brazil Engineering’ é muito maior do que simplesmente os próximos um ou dois anos.”

Fonte: Infomoney



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